'Não assine mais nada sem o sindicato por perto', diz Pintor

18/07/2017

 

Segundo o presidente do Sindcovelpa, José Pintor, os mais de cem pontos mudados na CLT pela reforma vão enfraquecer o trabalhador. "Primeiro, o trabalhador passa a ser considerado de igual para igual nas negociações com a empresa, mesmo não tendo os mesmos recursos que ela para negociação. Antes, a Justiça entendia que o trabalhador era o lado mais fraco em uma negociação e por isso precisava ser protegido. A reforma tira isso. Então as decisões não podem mais ser tomadas com esse princípio”, explica.

Pintor ressalta que tirando a premissa do trabalhador ser o lado mais fraco da negociação, as decisões em favor dele já reduzem. "Se não bastasse isso, agora quem quiser entrar na Justiça terá que pagar por tudo: honorários dos advogados, peritos e tudo que envolve o processo. Isso faz com que poucos trabalhadores tenham recursos para tentar reverter uma injustiça", afirmou. "Muitos pontos agora podem ser negociados individualmente entre trabalhador e empresa. Isso é um grande problema, pois, caso assine algo sem a presença do Sindicato, o trabalhador está se colocando em risco. O que foi negociado valerá mais do que a Lei e, por isso, a Justiça vai estar de mãos atadas", alerta.

O presidente destaca ainda que a reforma vai tirar a última segurança do trabalhador, que era o Sindicato. "Você estará em desvantagem na negociação, sem ter acesso à Justiça e ainda sem o Sindicato para te proteger na hora de lutar pelo que é seu. A reforma faz isso de várias formas, mas as principais são: acabar com contribuição sindical, tirando os recursos financeiros dos Sindicatos, e permitindo a criação de comissões de negociação", concluiu.

Ele reforça que sem a contribuição, os Sindicatos ficam sem dinheiro para organizar negociações e oferecer serviços importantes como assistência jurídica para os trabalhadores. O segundo ponto é também um grande problema. Diferente dos sindicatos, as comissões serão escolhidas pelos patrões e não pelos trabalhadores. "Você será representado na negociação por alguém escolhido pela outra parte. Portanto, nesse cenário com a reforma aprovada, a única saída é o trabalhador exigir a presença do Sindicato em todas as ocasiões que tiver que assinar ou escolher algo. Negociar sozinho é o mesmo que entregar um cheque em branco para o patrão", diz Pintor.


“A negociação sem sindicato se tornou uma grande armadilha. O fato da reforma permitir que o trabalhador faça negociações e rescisão sozinho, não significa que ele deva fazer isso. Muito pelo contrário, ele terá que abdicar disso e trazer o sindicato sempre junto, porque essa vai ser a única garantia de que ele não será prejudicado no futuro”, finaliza.



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